domingo, 14 de agosto de 2016

Você conhece a Quaresma de São Miguel Arcanjo?



São Francisco foi um santo que, em sua vida mortal, procurava nutrir muito sua alma, para não esfriar o seu amor por Jesus, com um espírito de oração e sacrifício muito grande. Tal era que ele realizava por ano três quaresmas, além de outro período de jejum e oração em honra da Mãe de Deus pela qual tinha um doce e especial afeição.
Foi de um modo muito especial que, na Quaresma de São Miguel, Deus coroou Francisco de graças abundantes, entre elas, a de marcá-lo em seu corpo, pelo profundo desejo de imitar ao seu filho Jesus Cristo, com os sinais de sua Paixão. Todas essas quaresmas eram realizadas no Monte Alverne (“verna” vem de “vernare”, que significa “fazer frio”, gela).
São Boaventura diz, em sua Legenda Maior (capítulo 9, parágrafo 3) dos escritos biográficos de São Francisco: “um vínculo de amor indissolúvel unia-o aos anjos cujo maravilhoso ardor o punha em êxtase diante de Deus e inflamava as almas dos eleitos”. Por devoção aos anjos, celebrava uma Quaresma de jejuns e orações durante os quarenta dias que seguem a Assunção da Santíssima Virgem Maria. São Miguel, a quem cabe o papel de introduzir as almas no Paraíso, era objeto de uma devoção especial em razão do desejo que tinha o santo de salvar a todos os homens. Era do conhecimento de Francisco a autoridade e o auxílio que o Arcanjo Miguel tem em exercício das almas em salvá-las no último instante da vida e o poder de ir ao purgatório retirá-las de lá.
Esse era o principal motivo pelo qual Francisco realizava sua Quaresma, conforme relato na Legenda Terusina, no nº 93 de sua biografia, em que o santo vai dizer, no ano de 1224 (ano em que recebeu os estigmas): “Para honra de Deus, da Bem-aventurada Virgem Maria e de São Miguel, príncipe dos anjos e das almas, quero fazer aqui uma quaresma”.
Nesse ano, estando Francisco a rezar no Monte Alverne, em sua primeira Quaresma em honra do glorioso Arcanjo Miguel, foi que ele sentiu com maior abundância do que nunca a suavidade da contemplação celeste, o ardor dos desejos sobrenaturais e a profusão das graças divinas. Foi transportado até Deus num fogo de amor seráfico e transformado pelos arroubos de uma profunda compaixão naquele que em seus extremos de amor quis ser crucificado. Aproximava a festa da Exaltação da Santa Cruz. Orava certa manhã numa das partes do monte, quando ele viu descer do alto do céu um Serafim de seis asas flamejantes, o qual, num rápido voo, chegou perto do lugar onde estava o homem de Deus. O personagem apareceu-lhe não apenas munido de asas, mas também crucificado, mãos e pés estendidos e atados a uma cruz. Duas asas elevavam-se por cima de sua cabeça, duas outras estavam abertas para o voo, as duas últimas cobriam-lhe o corpo.
Tal aparição deixou Francisco mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclava a tristeza e a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma com uma espada de dor e de compaixão e era iluminada internamente. Francisco compreendeu que os sofrimentos da paixão de modo algum podem atingir um Serafim, que é um espírito imortal. Mas essa visão lhe fora concedida para ensinar que não era o martírio do corpo, mas o amor que incendiou a sua alma que deveria transformá-lo, tornando-o semelhante a Jesus Crucificado. Após uma conversação familiar, que nunca foi revelada aos outros, desapareceu aquela visão, deixando-lhe o coração inflamado de um ardor seráfico e imprimindo-lhe na carne a semelhança externa com o crucificado, como a marca de um sinete na cera que o calor do fogo fez derreter. Logo começaram, com efeito, a aparecer em suas mãos e pés as marcas dos cravos.
Quando o verdadeiro amor transformou o amigo de Cristo na semelhança daquele que ele amava, terminados os quarenta dias previstos no monte e na solidão, chegou a festa de São Miguel; e Francisco, homem evangélico, desceu do monte, trazendo a imagem do crucificado, não esculpida em tábuas de pedra ou de madeira pela mão de algum artista, mas reproduzida em sua própria carne pelo dedo do Deus Vivo.
Francisco, para não se igualar a Jesus que ficou 40 dias e 40 noites em jejum total, come ao final destes dias um pedaço de pão e bebe água, pois se achava indigno de se igualar a Jesus.

Fonte: tocadeassis.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário