Uma fé que se traduz em obras
Em outubro deste ano 2012 o papa Bento XVI declarou como início do Ano da Fé, em comemoração aos 50 anos do Concílio Vaticano II e dos 20 anos do Catecismo da Igreja Católica, os quais se tornaram significativos na história da Igreja. Durante esse período, o sucessor de Pedro nos chama a “intensificar a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os crentes em Cristo a tornarem mais consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num momento de profunda mudança como este que a humanidade está a viver.” (Porta Fidei, 8)
Vivemos em tempos de crise nos diversos seguimentos institucionais que formam a nossa sociedade. No que diz respeito ao contexto da fé as coisas também não são diferentes. Mais do que nunca, hoje precisamos apresentar ao mundo as razões pelas quais cremos, testemunhando Aquele que nos faz agir e pensar muitas vezes diferente dos padrões apresentados pela mídia e demais ideologias contemporânea.
A verdadeira fé não está pautada em sentimentos ou pensamentos abstratos, mas em uma pessoa: Jesus Cristo. Conforme nos apresenta o papa “a fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele” (Porta Fidei, 10). Esta convivência nos leva a uma profunda intimidade com o Senhor de tal forma que em certo estágio da vida podemos afirmar como diz São Paulo “já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. (Gl 2,20)
Para alcançarmos esta íntima ligação com Cristo faz se necessário ultrapassar a barreira da dicotomia entre fé e vida. Não se admite professar com os lábios uma coisa e viver de uma forma totalmente diferente. Não foi diferente no início do cristianismo e muito mais agora, conforme escreve São Tiago: "Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras (Tg 2,18). Fé e vida não são duas coisas estranhas uma à outra, mas estão altamente entrelaçadas e, portanto, devem caminhar juntas.
Reavivar a fé, aprofundar seu conteúdo, dar testemunho da alegria de crer é um desafio a todos nós. Precisamos testemunhar com alegria quem nós cremos. A jornada mundial da juventude que acontecerá em julho do próximo ano no Rio de Janeiro é uma oportunidade para que os jovens apresentem ao mundo as razões da sua fé, da sua alegria em servir ao Senhor. Neste sentido, é importante que os nossos jovens sejam reanimados na missão e levem a todos o evangelho e a cruz, que é o sinal supremo do amor de Deus pela humanidade. O seguimento a Cristo é sempre uma fonte de alegria contagiante capaz de mover montanhas e transformar aquilo que está ao nosso redor. Seguir a Cristo não pode se tornar um peso pesado e fatigante, pelo contrário, deve ser sempre um motivo de satisfação interior, um prazer que nenhuma outra realidade desta vida será capaz de nos oferecer. Crer em Jesus é comprometer-se com Ele e colocar-se à sua disposição, colocando nele sua confiança.
A fé nos faz sair de nós mesmos e ir ao encontro dos irmãos. Professar a fé em Cristo é pôr os pés e as mãos a serviço do próximo. O amor nos impele a irmos ao encontro do outro e, se for necessário, dar a vida para que este se sinta feliz e viva com a dignidade que Deus deseja. Como nos diz Madre Tereza “que nenhuma pessoa passe por nossa vida sem que antes tenha se sentido melhor e mais feliz”. A missão do cristão ultrapassa as barreiras de qualquer assistencialismo, porque a fé se traduz numa total doação e empatia pelos irmãos, principalmente aqueles que mais precisam da nossa ajuda. Afinal, “a fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra realizar o seu caminho” (Porta Fidei, 14).
Observando o exemplo de vida de tantos santos e santas que ao longo da história deram testemunho da sua fé, queremos apresentar aos homens e mulheres de hoje a nossa fé em Jesus Cristo, acolhendo os seus ensinamentos e promovendo a sempre a vida como um dom de Deus. Afinal, somos discípulos e missionários do Reino e mesmo diante das dificuldades do tempo presente a Santa Palavra nos reanima e nos garante que unidos a Cristo, venceremos! Finalmente, queremos pedir: "fica conosco, Senhor" (Lc 24,29), e nos sustenta na missão com o vosso Pão da Vida e com a vossa Palavra.
Sem. Antonio Nilson
Membro do Instituto Divino Mestre
3° ano de Filosofia
Nenhum comentário:
Postar um comentário