quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Aprofundamento Bíblico



Nós do Instituto Divino Mestre gostaríamos de convidá-lo a participar do Encontro de Aprofundamento Bíblico, que será realizado no Instituto Bíblico de Brasília no dia 10 de setembro.
Palestras:
"Origem da Sagrada Escritura - Diferença entre Sagrada Escritura e Palavra de Deus"; "As alianças de Deus na Sagrada Escritura"; "Espiritualidade: Contato com Deus através das Sagradas Escrituras".
Investimento: 20,00
VAGAS LIMITADAS!!!

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Bento XVI fala, com grande simplicidade, das razões de sua renúncia


“Servo de Deus e da humanidade” é o título de uma nova biografia de Bento XVI, prevista para ser lançada neste próximo 30 de agosto. O livro é assinado pelo teólogo Elio Guerriero e conta com prefácio de ninguém menos que o Papa Francisco, que presta vibrante homenagem ao seu antecessor: “Sua discreta presença e oração pela Igreja constituem um apoio e um conforto” para o seu ministério, declara o Santo Padre.

“A renúncia me surgiu como um dever”

Uma semana antes do lançamento desta biografia, Bento XVI deu uma entrevista a Elio Guerriero, publicada no site do jornal italiano La Repubblica. O papa emérito evoca, com toda a simplicidade, as razões que o levaram à histórica decisão de renunciar.

“Depois da experiência das viagens ao México e Cuba [março de 2012], eu não me sentia mais capaz de empreender uma viagem dessas", disse Bento XVI em referência à Jornada Mundial da Juventude, prevista para o ano seguinte no Rio. É um evento em que “a presença física de um papa é indispensável (…) É uma das circunstâncias pelas quais a renúncia me surgiu como um dever", afirmou ele com simplicidade, confessando ter sentido os limites das suas forças físicas.

Convencido desde o início de que era apenas um “simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor", o papa emérito refletiu que não poderia fazer outra coisa além de “colocar-se nas mãos do Senhor e confiar n’Ele”,contando com a presença de Maria e dos santos, em especial daqueles a quem chama de “companheiros de viagem de toda uma vida”: Santo Agostinho e São Boaventura.

Grande apoio dos fiéis

Ele tinha, portanto, grande apoio espiritual para tomar essa decisão profundamente refletida, mas também contava com o apoio dos fiéis. Bento XVI comentou que recebeu muitas cartas, tanto dos chamados “grandes deste mundo” como também de “pessoas humildes e simples”, oferecendo-lhe as suas orações e a sua amizade.

Falando de suas relações com o sucessor, o papa emérito reiterou a obediência e a dedicação, como já tinha feito no passado. Bento XVI contou que sentiu grande “gratidão à Providência” quando foi anunciada a eleição de Jorge Mario Bergoglio à Sé Apostólica. “Depois de dois papas da Europa Central, o Senhor voltou seu olhar para a Igreja universal e nos convidou a uma comunhão mais ampla, mais católica”.

O papa emérito, retirado desde a renúncia no convento vaticano Mater Ecclesiae, se disse “tocado” pela “disponibilidade humana” do Papa Francisco. “A bondade que ele me dedicou é para mim uma graça particular neste período final da minha vida”, diz ele, agradecido.

No próximo dia 9 de setembro também será publicado, em vários idiomas, o livro-entrevista “Últimas Conversas", de Bento XVI com o jornalista alemão Peter Seewald, que conta com a confiança do papa emérito. Juntos eles já escreveram vários outros livros, como “O Sal da Terra” (1996) e “Luz do Mundo” (2010).


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

10 passos para fazer uma boa Quaresma de São Miguel



1. Preparar um altar com uma imagem ou estampa de São Miguel.

2. Ter sempre uma vela benta no momento da oração.

3. Ter sempre água benta para a persignação (CURIOSIDADE: a persignação é quando fazemos o sinal da cruz sobre a testa, os lábios e o peito).

4. Oferecer uma penitência espiritual ou corporal para os 40 dias ou por semana.

5. Participar, sempre que possível, da Santa Missa.

6. Iniciar a Quaresma no dia 15 de agosto e terminar no dia 29 de setembro (Festa dos Santos Arcanjos).

7. No dia 29 de setembro, dia dos Santos Arcanjos, celebrar em casa e na Santa Missa esse dia de bênçãos.

8. Manter-se fiel durante a Quaresma, lutando contra a preguiça e as demais tentações.

9. Rezar todos os dias as orações propostas para a Quaresma (Clique aqui).


10. Invocar a presença do Arcanjo Miguel em vários momentos do dia rezando: “Quem como Deus? Ninguém como Deus!”

Orações da Quaresma de São Miguel (de 15 de agosto a 29 de setembro)



ORAÇÃO INICIAL PARA TODOS OS DIAS

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do Demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pela Virtude Divina, precipitai no inferno a Satanás e a todos espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.

LADAINHA DE SÃO MIGUEL

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Pai Celeste, que sois Deus, tende piedade de nós.
Filho Redentor do Mundo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.

Santa Maria, Rainha dos Anjos, rogai por nós.

São Miguel, rogai por nós.
São Miguel, cheio da graça de Deus, 
rogai por nós.
São Miguel, perfeito adorador do Verbo Divino, rogai por nós.
São Miguel, coroado de honra e de glória, rogai por nós.
São Miguel, poderosíssimo príncipe dos exércitos do Senhor, rogai por nós.
São Miguel, porta-estandarte da Santíssima Trindade, rogai por nós.
São Miguel, guardião do Paraíso, rogai por nós.
São Miguel, guia e consolador do povo israelita, rogai por nós.
São Miguel, esplendor e fortaleza da Igreja militante, rogai por nós.
São Miguel, honra e alegria da Igreja triunfante, rogai por nós.
São Miguel, luz dos anjos, rogai por nós.
São Miguel, baluarte dos cristãos, rogai por nós.
São Miguel, força daqueles que combatem pelo estandarte da cruz, rogai por nós.
São Miguel, luz e confiança das almas no último momento da vida, rogai por nós.
São Miguel, socorro muito certo, rogai por nós.
São Miguel, nosso auxílio em todas as adversidades, rogai por nós.
São Miguel, arauto da sentença eterna, rogai por nós.
São Miguel, consolador das almas que estão no Purgatório, rogai por nós.
São Miguel, a quem o Senhor incumbiu de receber as almas que estão no Purgatório, rogai por nós.
São Miguel, nosso príncipe, rogai por nós.
São Miguel, nosso advogado, rogai por nós.

Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós, Senhor.

Rogai por nós, ó glorioso São Miguel, Príncipe da Igreja de Cristo,
Para que sejamos dignos de Suas promessas. Amém.

ORAÇÃO: Senhor Jesus, santificai-nos, por uma bênção sempre nova e concedei-nos, pela intercessão de São Miguel, essa sabedoria que nos ensina a ajuntar riquezas do céu e a trocar os bens do tempo presente pelos da eternidade. Vós que viveis e reinais em todos os séculos dos séculos. Amém.

CONSAGRAÇÃO A SÃO MIGUEL ARCANJO

Ó Príncipe nobilíssimo dos Anjos, valoroso guerreiro do Altíssimo, zeloso defensor da glória do Senhor, terror dos espíritos rebeldes, amor e delícia de todos os Anjos justos, meu diletíssimo Arcanjo São Miguel: desejando eu fazer parte do número dos vossos devotos e servos, a vós hoje me consagro, me dou e me ofereço e ponho-me a mim próprio, a minha família e tudo o que me pertence, debaixo da vossa poderosíssima proteção. 

É pequena a oferta do meu serviço, sendo como sou um miserável pecador, mas vós engrandecereis o afeto do meu coração; recordai-vos que de hoje em diante estou debaixo do vosso sustento e deveis assistir-me em toda a minha vida e obter-me o perdão dos meus muitos e graves pecados, a graça de amar a Deus de todo coração, ao meu querido Salvador Jesus Cristo e a minha Mãe Maria Santíssima, obtende-me aqueles auxílios que me são necessários para obter a coroa da eterna glória. Defendei-me dos inimigos da alma, especialmente na hora da morte.

Vinde, ó príncipe gloriosíssimo, assistir-me na última luta e com a vossa arma poderosa lançai para longe, precipitando nos abismos do inferno, aquele anjo quebrador de promessas e soberbo que um dia prostrastes no combate no Céu.

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate para que não pereçamos no supremo juízo. Amém.


domingo, 14 de agosto de 2016

Você conhece a Quaresma de São Miguel Arcanjo?



São Francisco foi um santo que, em sua vida mortal, procurava nutrir muito sua alma, para não esfriar o seu amor por Jesus, com um espírito de oração e sacrifício muito grande. Tal era que ele realizava por ano três quaresmas, além de outro período de jejum e oração em honra da Mãe de Deus pela qual tinha um doce e especial afeição.
Foi de um modo muito especial que, na Quaresma de São Miguel, Deus coroou Francisco de graças abundantes, entre elas, a de marcá-lo em seu corpo, pelo profundo desejo de imitar ao seu filho Jesus Cristo, com os sinais de sua Paixão. Todas essas quaresmas eram realizadas no Monte Alverne (“verna” vem de “vernare”, que significa “fazer frio”, gela).
São Boaventura diz, em sua Legenda Maior (capítulo 9, parágrafo 3) dos escritos biográficos de São Francisco: “um vínculo de amor indissolúvel unia-o aos anjos cujo maravilhoso ardor o punha em êxtase diante de Deus e inflamava as almas dos eleitos”. Por devoção aos anjos, celebrava uma Quaresma de jejuns e orações durante os quarenta dias que seguem a Assunção da Santíssima Virgem Maria. São Miguel, a quem cabe o papel de introduzir as almas no Paraíso, era objeto de uma devoção especial em razão do desejo que tinha o santo de salvar a todos os homens. Era do conhecimento de Francisco a autoridade e o auxílio que o Arcanjo Miguel tem em exercício das almas em salvá-las no último instante da vida e o poder de ir ao purgatório retirá-las de lá.
Esse era o principal motivo pelo qual Francisco realizava sua Quaresma, conforme relato na Legenda Terusina, no nº 93 de sua biografia, em que o santo vai dizer, no ano de 1224 (ano em que recebeu os estigmas): “Para honra de Deus, da Bem-aventurada Virgem Maria e de São Miguel, príncipe dos anjos e das almas, quero fazer aqui uma quaresma”.
Nesse ano, estando Francisco a rezar no Monte Alverne, em sua primeira Quaresma em honra do glorioso Arcanjo Miguel, foi que ele sentiu com maior abundância do que nunca a suavidade da contemplação celeste, o ardor dos desejos sobrenaturais e a profusão das graças divinas. Foi transportado até Deus num fogo de amor seráfico e transformado pelos arroubos de uma profunda compaixão naquele que em seus extremos de amor quis ser crucificado. Aproximava a festa da Exaltação da Santa Cruz. Orava certa manhã numa das partes do monte, quando ele viu descer do alto do céu um Serafim de seis asas flamejantes, o qual, num rápido voo, chegou perto do lugar onde estava o homem de Deus. O personagem apareceu-lhe não apenas munido de asas, mas também crucificado, mãos e pés estendidos e atados a uma cruz. Duas asas elevavam-se por cima de sua cabeça, duas outras estavam abertas para o voo, as duas últimas cobriam-lhe o corpo.
Tal aparição deixou Francisco mergulhado num profundo êxtase, enquanto em sua alma se mesclava a tristeza e a alegria: uma alegria transbordante ao contemplar a Cristo que se lhe manifestava de uma maneira tão milagrosa e familiar, mas ao mesmo tempo uma dor imensa, pois a visão da cruz transpassava sua alma com uma espada de dor e de compaixão e era iluminada internamente. Francisco compreendeu que os sofrimentos da paixão de modo algum podem atingir um Serafim, que é um espírito imortal. Mas essa visão lhe fora concedida para ensinar que não era o martírio do corpo, mas o amor que incendiou a sua alma que deveria transformá-lo, tornando-o semelhante a Jesus Crucificado. Após uma conversação familiar, que nunca foi revelada aos outros, desapareceu aquela visão, deixando-lhe o coração inflamado de um ardor seráfico e imprimindo-lhe na carne a semelhança externa com o crucificado, como a marca de um sinete na cera que o calor do fogo fez derreter. Logo começaram, com efeito, a aparecer em suas mãos e pés as marcas dos cravos.
Quando o verdadeiro amor transformou o amigo de Cristo na semelhança daquele que ele amava, terminados os quarenta dias previstos no monte e na solidão, chegou a festa de São Miguel; e Francisco, homem evangélico, desceu do monte, trazendo a imagem do crucificado, não esculpida em tábuas de pedra ou de madeira pela mão de algum artista, mas reproduzida em sua própria carne pelo dedo do Deus Vivo.
Francisco, para não se igualar a Jesus que ficou 40 dias e 40 noites em jejum total, come ao final destes dias um pedaço de pão e bebe água, pois se achava indigno de se igualar a Jesus.

Fonte: tocadeassis.org.br

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Você sabia que a Igreja Católica é constituída por 24 Igrejas autônomas?



Você sabia que a Igreja Católica é atualmente constituída por 24 Igrejas autônomas “sui juris”?

Pois é! A Igreja Católica não se limita ao rito romano. Ela é uma grande comunhão de 24 Igrejas, sendo 1 ocidental e 23 orientais.

A ocidental é a Igreja Católica Apostólica Romana, chamada “ocidental” por conta da localização geográfica de Roma e não porque a sua presença se restrinja a países do Ocidente: na verdade, a Igreja Romana está presente no mundo inteiro e tem dioceses em todos os continentes, de Portugal ao Japão, do Brasil à Rússia, de Angola à China, do Canadá à Nova Zelândia.

As Igrejas católicas orientais também têm fiéis espalhados pelo mundo, mas, por razões históricas, estão mais fortemente presentes nos lugares onde surgiram. Possuem tradições culturais, teológicas e litúrgicas diferentes, bem como estrutura e organização territorial própria, mas professam a mesma e única doutrina e fé católica, mantendo-se, portanto, em comunhão completa entre si e com a Santa Sé.

Todas as 24 Igrejas que compõem a Igreja Católica são consideradas Igrejas “sui juris”, ou seja, são autônomas para legislar de modo independente a respeito de seu rito e da sua disciplina, mas não a respeito dos dogmas, que são universais e comuns a todas elas e garantem a sua unidade de fé – formando, na essência, 
uma única Igreja Católica obediente ao Santo Padre, o Papa, que a todas preside na caridade.

A legislação de cada Igreja “sui juris” é estudada e aprovada pelo seu respectivo sínodo, ou seja, pela reunião dos seus bispos sob a presidência do seu arcebispo-maior ou patriarca. Por exemplo, a Igreja Melquita é presidida por Sua Beatitude o Patriarca Gregório III; a Igreja Greco-Católica Ucraniana, por Sua Beatitude o Arcebispo-Maior Dom Sviatoslav Shevchuk. A Igreja Romana é presidida diretamente pelo Papa Francisco, bispo de Roma, que é também o líder de toda a grande comunhão da Igreja Católica em suas diversas tradições.

É muito comum até hoje, em especial no Ocidente, confundir a Igreja Romana com a totalidade da Igreja Católica, um erro que vem acontecendo há séculos e que, ao longo da história, já causou sérios prejuízos aos católicos de ritos orientais. O que é preciso entender é que todos os católicos romanos são, obviamente, católicos; mas nem todos os católicos são católicos romanos. E esta é mais uma das tantíssimas riquezas do infinito tesouro da Igreja que é Una, Santa, Católica e Apostólica!

O Concílio Vaticano II reconheceu que todos os ritos aprovados pelas Igrejas que formam a Igreja Católica têm a mesma dignidade e direito e devem ser preservados e promovidos.

Aliás, por falar em rito, outra confusão frequente é feita entre o rito latino e o rito romano: os termos costumam ser usados como sinônimos, mas, tecnicamente, além do rito romano, também existem outros ritos latinos de certas Igrejas locais, como o ambrosiano, e os de algumas ordens religiosas; entretanto, todos fazem parte da mesma tradição litúrgica, comumente denominada romana. Quanto aos ritos orientais, as diferenças são mais marcadas pela diversidade de tradições: são eles o alexandrino ou copta, o bizantino, o antioqueno ou siríaco ocidental, o caldeu ou siríaco oriental, o armênio e o maronita.

Mas quais são, afinal, as Igrejas “sui juris” que formam a Igreja Católica? Eis a impressionante lista:

DE RITO OCIDENTAL

Tradição litúrgica latina ou romana:
1 Igreja Católica Apostólica Romana (sede em Roma)

DE RITOS ORIENTAIS

Tradição litúrgica alexandrina:
2 Igreja Católica Copta (patriarcado; sede no Cairo, Egito)
3 Igreja Católica Etíope (metropolitanato; sede em Adis Abeba, Etiópia)
4 Igreja Católica Eritreia (metropolitanato; sede em Asmara, Eritreia)

Tradição litúrgica bizantina:
5 Igreja Greco-Católica Melquita (patriarcado; sede em Damasco, Síria)
6 Igreja Católica Bizantina Grega (eparquia; sede em Atenas, Grécia)
7 Igreja Católica Bizantina Ítalo-Albanesa (eparquia; sede na Sicília, Itália)
8 Igreja Greco-Católica Ucraniana (arcebispado maior; sede em Kiev, Ucrânia)
9 Igreja Greco-Católica Bielorrussa (também chamada Católica Bizantina Bielorussa)
10 Igreja Greco-Católica Russa (sede em Novosibirsk, Rússia)
11 Igreja Greco-Católica Búlgara (eparquia; sede em Sófia, Bulgária)
12 Igreja Católica Bizantina Eslovaca (metropolitanato; sede em Prešov, Eslováquia)
13 Igreja Greco-Católica Húngara (metropolitanato; sede em Nyíregyháza, Hungria)
14 Igreja Católica Bizantina da Croácia e Sérvia (eparquia; sedes em Križevci, Croácia, e Ruski Krstur, Sérvia)
15 Igreja Greco-Católica Romena (arcebispado maior; sede em Blaj, Romênia)
16 Igreja Católica Bizantina Rutena (metropolitanato; sede em Pittsburgh, Estados Unidos)
17 Igreja Católica Bizantina Albanesa (eparquia; sede em Fier, Albânia)
18 Igreja Greco-Católica Macedônica (exarcado ou exarquia; sede em Escópia, Macedônia)

Tradição litúrgica armênia:
19 Igreja Católica Armênia (patriarcado; sede em Beirute, Líbano)

Tradição litúrgica maronita:
20 Igreja Maronita (patriarcado; sede em Bkerke, Líbano)

Tradição litúrgica antioquena ou siríaca ocidental:
21 Igreja Católica Siríaca (patriarcado; sede em Beirute, Líbano)
22 Igreja Católica Siro-Malancar (arcebispado maior; sede em Trivandrum, Índia)

Tradição litúrgica caldeia ou siríaca oriental:
23 Igreja Católica Caldeia (patriarcado; sede em Bagdá, Iraque)
24 Igreja Católica Siro-Malabar (arcebispado maior; sede em Cochim, Índia)

Pois é! A Igreja Católica não se limita ao rito romano: ela é uma grande comunhão de 24 Igrejas, sendo 1 ocidental e 23 orientais

http://pt.aleteia.org/2016/08/02/voce-sabia-que-a-igreja-catolica-e-constituida-por-24-igrejas-autonomas/

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Papa promulga documento dedicado à vida contemplativa feminina

“A busca da face de Deus” (Vultum Dei Quaerere) é o título da Constituição Apostólica assinada pelo Papa Francisco ededicada à vida contemplativa feminina. O documento, publicado esta sexta-feira (22/07), indica 12 temas de reflexão para a vida consagrada e se conclui com 14 orientações.

Faróis e centelhas da humanidade

Às contemplativas, o Papa lança um desafio: ser “faróis e centelhas” que guiam e acompanham o caminho da humanidade, oferecendo o Evangelho ao mundo contemporâneo. O Pontífice as exorta a vencer com tenacidade as tentações, em especial “a tentação que degenera em apatia, rotina, desmotivação e indiferença paralisante”.


Formação e oração

Francisco convida a “discernir” sobre 12 temas da vida consagrada. O primeiro é a formação, “que requer uma contínua conversão a Deus” e um período que varia de 9 a 12 anos. Os mosteiros não devem se deixar levar pela tentação do número e da eficiência, adverte o Papa. Depois, há a oração, “espinha dorsal da vida consagrada”, que não deve ser vivida como um fechamento da vida monástica em si mesma, mas como um alargamento do coração “para abraçar toda a humanidade”, em especial os que mais sofrem.


Lectio divina, Eucaristia e Reconciliação

A Palavra de Deus é outro tema central, que deve marcar o dia pessoal e comunitário das contemplativas através da lectio divina, para depois se transformar em actio, “dom para os outros na caridade”. A Constituição Apostólica recorda ainda a importância da Eucaristia e da Reconciliação, sugerindo “prolongar a celebração com a adoração eucarística” e viver a prática da penitência como “ocasião privilegiada para contemplar a face misericordiosa do Pai” e se tornar, assim, “instrumentos de reconciliação, de perdão e de paz” de que o mundo hoje necessita particularmente.


Vida comunitária e autonomia dos mosteiros

O quinto tema indicado pelo documento é a vida fraterna em comunidade, testemunho mais necessário do que nunca “numa sociedade marcada por divisões e desigualdades”. “É possível e belo viver juntos, não obstante as diferenças de geração, formação e cultura”, porque “unidade e comunhão não significam uniformidade”. O sexto tema diz respeito à autonomia dos mosteiros, que não deve significar “independência ou isolamento”, escreve o Papa, exortando as contemplativas a não adoecerem de “autorreferencialidade”.


As federações e a clausura

O sétimo tema ressalta a importância das Federações como “estruturas de comunhão entre mosteiros que compartilham o mesmo carisma”, sugerindo sua criação e multiplicação. O oitavo tema, ao invés, é relativo à clausura, “sinal da união exclusiva da Igreja esposa com o seu Senhor”.


O trabalho e o silêncio

O Papa destaca ainda o trabalho que as contemplativas devem realizar “com devoção e fidelidade”, sem se deixar condicionar pela mentalidade da cultura contemporânea, que aposta na eficiência. O trabalho deve ser entendido como “serviço à humanidade e solidariedade para com os pobres”. Já o silêncio é “escuta e ruminatio da Palavra”, “vazio de si para fazer espaço ao acolhimento”, silêncio “rico de caridade”, que “ouve Deus e o grito da humanidade”.


A cultura digital e os meios de comunicação


Consciente das transformações da sociedade e da “cultura digital”, que “influi de modo decisivo na formação do pensamento e no modo de se relacionar com o mundo”, Francisco propõe como 11º tema os meios de comunicação. “Instrumentos úteis para a formação e a comunicação”, o Papa todavia exorta as contemplativas a “um discernimento prudente” para que esses meios não sejam ocasião de “evasão da vida fraterna”, danificando a vocação e dificultando a contemplação.


A ascese rumo a Deus

Por fim, o último tema é ascese: “sinal eloquente de fidelidade” num mundo globalizado e sem raízes, exemplo de como ficar ao lado do próximo mesmo diante de diversidades, tensões, conflitos e fragilidades”. A ascese não é uma fuga do mundo “por medo” – destaca Francisco –, porque as monjas “continuam a estar no mundo sem ser do mundo”. Intercedendo “constantemente pela humanidade” junto ao Senhor, ouvindo “o clamor” de quem é “vítima da cultura do descarte”, as contemplativas são o “degrau” através do qual Deus desce ao encontro do homem e o homem sobe para o encontro com Deus.


Recrutamento de candidatas

A Conclusão da Constituição Apostólica se divide em 14 artigos que, de fato, definem em termos jurídicos o que foi dito pelo Pontífice precedentemente. Em especial, o art. 3 estabelece que se deve absolutamente evitar o recrutamento de candidatas de outros países com a única finalidade de garantir a sobrevivência do mosteiro. O art. 8 traz a lista dos requisitos necessários para a autonomia jurídica de uma comunidade, entre os quais a capacidade formativa e de gestão, a inserção na Igreja local e a possibilidade de subsistência. Caso não haja esses requisitos, a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada “avaliará a oportunidade de constituir uma comissão ad hoc” para “uma revitalização do mosteiro ou o seu fechamento”.


Obrigação inicial de pertencer a uma Federação

O art. 9 estabelece que “inicialmente todos os mosteiros deverão pertencer a uma Federação”. Se isto não for possível, o mosteiro deverá pedir a permissão da Santa Sé, à qual compete um “discernimento adequado”. Por fim, no art. 14 afirma-se que caberá à Congregação para os Institutos de Vida Consagrada emanar indicações práticas, aprovadas pela Santa Sé, de acordo com os carismas das várias famílias monásticas.


https://w2.vatican.va/content/francesco/it/apost_constitutions/documents/papa-francesco_costituzione-ap_20160629_vultum-dei-quaerere.html

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Carta ao jovem católico sozinho na missa



Caro jovem católico,

Só porque você tem que fazer algo, não quer dizer que seja fácil, nem que você tenha que fazê-lo sozinho ou sem apoio. Há ocasiões em que é difícil ser católico. Quando você sente que é a única pessoa em todo o mundo que acredita no que acredita. Ou quando as expectativas depositadas em você são enormes e impossíveis. Há ocasiões em que nadar contra a corrente da sociedade é simplesmente exaustivo, em que a fé é confusa ou em que a santidade parece não ter nenhuma recompensa.

Talvez a sua fé seja uma grande luta nesse momento. Talvez você não consiga ver a relevância dela na sua vida. Talvez tudo esteja indo bem para você, mas a fé pareça ser uma obrigação. Ou talvez, ultimamente, tudo esteja desabando ao seu redor e Deus pareça distante, frio e silencioso. Talvez a raiva e a dor estejam obscurecendo tudo e você não consiga enxergar o seu futuro. Ou talvez você saiba que a sua fé significa tudo para você, mas o preço que paga por ela é maior do que jamais imaginou e não há ninguém além de você para apoiá-lo ou encorajá-lo.

Pode ser que tudo o que você sinta seja autopiedade pelas vezes em que cometeu erros. Talvez você esteja cansado de se explicar, ou de desistir de relacionamentos quando se recusa a comprometer o seu valor próprio. Talvez você tenha experimentado tamanha rejeição pelo fato de ser católico que pense não ter mais nada a oferecer a mais ninguém. Talvez sinta falta de amigos que compartilhem a sua fé, que compreendam quem você é e por que acredita nessas coisas. Talvez você deseje ter alguém com quem possa ir à Missa, com quem possa rezar e para quem possa explicar as suas dúvidas e dificuldades. Talvez você esteja exausto de ter que defender aquilo que é fonte de tanta alegria.

É muito duro quando não há ninguém por perto para lembrá-lo de que todo esse esforço vale a pena. É desencorajador quando mais ninguém compreende o quanto pode ser solitário ir sozinho à Missa. Ou quanta força se requer, e quanta tristeza se produz, quando você se afasta de situações que sabe não serem corretas. Talvez você esteja cansado de repetir sempre os mesmos velhos erros. É duro, eu sei que é! E eu gostaria de encorajá-lo.

Eu quero que você se lembre de que, mesmo que agora se sinta sozinho na sua fé, mesmo que esteja lutando, nós dividimos as mesmas dificuldades. Nós queremos que você se lembre da alegria e da amizade que é conhecer a Cristo. Não importa o estágio da fé em que você se encontra, persevere sempre!

Às vezes, os pequenos passos são tudo de que precisamos. Continue a rezar, mesmo que sejam somente cinco minutos por dia.

Saiba que você pode se orgulhar de ser católico. É isso o que o torna quem você é. E, como você é uma pessoa única e interessante, ser católico faz parte do rico tecido de vida que compõe a sua linda personalidade. Não é sempre que você vai estar cercado de pessoas que verão a sua fé de forma negativa. Você também encontrará pessoas que se sentirão intrigadas pela sua fé, que desejarão genuinamente conhecê-la melhor e que estão esperando pela oportunidade de compartilhar algo pessoal, algo sobre elas próprias. E você também encontrará pessoas que dirão desejar algo que você já tem, como o seu senso de propósito, o seu senso de paz, ou a sua consciência de ser amado incondicionalmente por Deus.

Eu não digo isso para criar barreiras, mas para encorajá-lo a discernir que, ainda que a sua fé às vezes pareça um fardo, haverá momentos inesperados em que ela o surpreenderá com o seu poder de bem, de criar conexões com os outros, de mudar as suas vidas. Não se esqueça do enorme poder da sua fé. Por meio de você, Deus agirá de modos incríveis e nunca esperados!

Tudo bem, eu entendo. É duro ser jovem católico. Talvez você sinta que poderia estar se saindo melhor. Talvez você apenas se sinta perdido. Espero que, só por saber que eu reconheço as suas dificuldades nesta carta, você já se sinta menos sozinho. Sim, as coisas mudam. Um dia, as lutas que você enfrenta agora não serão tão difíceis. Mesmo assim, por favor, saiba que estamos rezando por você, que o estamos encorajando e que temos os mesmos sofrimentos que você. Juntos, com Cristo e com sua mãe Maria, você vai conseguir!

Com amor e orações,

De uma jovem católica para um jovem católico

terça-feira, 19 de julho de 2016

A Biblioteca do Vaticano já está na internet


A Biblioteca Apostólica Vaticana, mais conhecida simplesmente como “Biblioteca do Vaticano”, foi criada oficialmente em 1475, embora na verdade seja muito mais antiga.

Foi em 1451, quando o Papa Nicolau V, bibliófilo (colecionador de livros), procurou tornar Roma, novamente, um centro acadêmico de importância mundial, fundando uma biblioteca relativamente modesta com mais de 1.200 volumes, que incluíam sua coleção pessoal de clássicos da antiguidade clássica grega e romana, e uma série de textos trazidos de Constantinopla.

 
Hoje, a Biblioteca do Vaticano possui cerca de 75.000 códices, 85.000 incunábulos (ou seja, as edições feitas entre a invenção da imprensa e o século XVI) e um total de mais de um milhão de livros, da era pré-cristã à contemporânea, tanto em línguas ocidentais quanto orientais, cobrindo assuntos que vão desde a literatura e a teologia, até matemática e ciências sociais, para citar alguns.
E agora tudo isso está sendo digitalizado. Pouco a pouco. E está disponível para qualquer pessoa com acesso à Internet. E gratuito para download, aliás, no formato JPEG.

 
Já podem ser consultados, neste link, manuscritos, incunábulos e códices que foram devidamente digitalizados utilizando tecnologia IIIF (International Interoperability Image Framework), que permite acesso fácil e imediato a, pelo menos, duas coleções: uma de manuscritos selecionados (os primeiros que foram digitalizados foram os mais significativos, como uma cópia de uma Bíblia prefaciada e comentada por São Jerônimo, por exemplo), e uma de códices, incluindo coleções astecas.


quinta-feira, 7 de julho de 2016

Cardeal Sarah propõe importante mudança para a Missa a partir do Advento

LONDRES, 07 Jul. 16 / 06:00 am (ACI).- O Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos no Vaticano, Cardeal Robert Sarah, propôs uma mudança importante para a celebração das Missas a partir do primeiro Domingo do Advento deste ano.

Na conferência inaugural do evento Sacra Liturgia UK 2016 que acontece em Londres entre os dias 5 e 8 de julho, o Cardeal Sarah afirmou que “é muito importante que voltemos o mais rápido possível a uma mesma direção, dos sacerdotes e de todos os fiéis na mesma direção: para o oriente ou pelo menos para o tabernáculo”.

Quando um sacerdote celebra a Missa Ad Orientem, em certas partes da Missa olha de frente para o “leste litúrgico”, ou seja, para o altar e de costas para os fiéis. Esta é uma prática comum na forma extraordinária da Missa. De frente para o povo, ou versus populum, é a prática estendida na forma ordinária da Eucaristia.

O que o Cardeal Sarah sugere, embora não de maneira oficial, seria uma mudança importante em relação à celebração da Missa, desde que o Papa Emérito Bento XVI decidiu liberar a forma extraordinária – em latim e Ad Orientem – com o motu proprio Summorum Pontificum em julho de 2007.

O Cardeal africano pediu aos sacerdotes que sejam prudentes na implementação da modificação que sugeriu ontem em Londres.

“Assim, queridos sacerdotes, peço-lhes para que implementem essa prática sempre que possível, com prudência e com a catequese necessária, certamente, mas também com a confiança pastoral de que isso é algo bom para a Igreja, algo bom para o nosso povo”, afirmou.

O Cardeal propôs que comecem “no primeiro Domingo do Advento (27 de novembro) deste ano, quando esperamos ‘o Senhor que vem’ e que não demorará a chegar”.

Na conferência, o Cardeal Sarah explicou que o Papa Francisco lhe pediu começar um estudo sobre “a reforma da reforma” para adaptar as mudanças litúrgicas do Concílio Vaticano II, e que este estudo busca “o enriquecimento das duas formas do rito romano”: a ordinária e a extraordinária.

Por que celebrar a Missa Ad Orientem?


Em 23 de maio deste ano, o Cardeal Robert Sarah concedeu uma entrevista à revista francesa ‘Famille Chretienne’, em que afirmou que “o melhor meio” para que Deus seja o centro da liturgia é “celebrar –sacerdotes e fiéis – todos na mesma direção: para o Senhor que vem. Não se trata, como se entende às vezes, de celebrar de costas para o povo ou olhando para eles. O problema não é esse”.

“Trata-se de olhar todos juntos para a abside que simboliza o oriente onde está o trono da cruz do Senhor ressuscitado”, precisou.

“Com esta maneira de celebrar, experimentaremos, também com o corpo, a primazia de Deus e da adoração. Compreenderemos que a liturgia se trata em princípio de nossa participação no sacrifício perfeito da cruz”.

Além disso, explicou o Cardeal, com o Concílio Vaticano II, “celebrar olhando ao povo se converteu em uma possibilidade, mas não é uma obrigação. A liturgia da palavra justifica que se vejam cara a cara o leitor e o povo, o diálogo e a pedagogia entre o sacerdote e seu povo. Mas como chegamos logo ao momento em que alguém se dirige a Deus – do Ofertório em diante – é essencial que o sacerdote e os fiéis olhem juntos para o Oriente. Isto corresponde exatamente ao que queriam os padres conciliares”.

“Como Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, desejo recordar que a celebração Ad Orientem está autorizada pelas rubricas, que especificam os tempos em que celebrante deve virar para o povo. Portanto, não é necessário ter uma permissão especial para celebrar olhando para o Senhor”.

Que a liturgia não seja um espetáculo


Na entrevista com ‘Famille Chretienne’, o Prefeito também disse que deseja “exortar uma grande reflexão sobre este tema para devolver a Eucaristia ao centro de nossa vida. Constato que muitas de nossas liturgias se convertem em um espetáculo”.

“Com frequência – continuou –, o sacerdote já não celebra o amor de Cristo através de seu sacrifício, mas um encontro entre amigos, uma partilha, um momento fraterno. Ao procurar inventar liturgias criativas ou festivas, corremos o risco de um culto muito humano, à altura de nossos desejos e das modas do momento”.

O Purpurado africano explicou que, com esta forma através da qual alguns sacerdotes encaram a Missa, “pouco a pouco os fiéis se afastam de quem nos dá a vida. Para os cristãos, a Eucaristia é uma questão de vida ou morte!”.

“A liturgia é a porta da nossa união com Deus. Se as celebrações eucarísticas se transformarem em autocelebrações humanas, o perigo é imenso porque Deus desaparece. Devemos começar a colocar Deus novamente no centro da liturgia”.

O Cardeal Sarah advertiu também que “se o homem for o centro da liturgia, a Igreja se converte em uma sociedade puramente humana, uma simples ONG, como disse o Papa Francisco”.

“Se, pelo contrário, Deus está no coração da liturgia, então a Igreja reencontrará seu vigor e sua seiva! ‘É na forma de tratar a liturgia que se decide a sorte da fé e da Igreja’, escreveu de maneira profética o CardealJoseph Ratzinger”.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

“Vem e segue-Me” - Brasília ganha 9 novos sacerdotes

Há pouco tempo eles eram meninos correndo pelas paróquias. Eram catequizandos aprendendo os primeiros passos na vida cristã. Eram jovens recebendo os sacramentos. Estávamos acostumados a vê-los como os demais, brincando, fazendo peraltices, rezando, sorrindo. Estavam entre nós e não sabíamos que eram separados por Deus, para uma missão maior.

Participavam da vida paroquial, da vida em suas comunidades, iam a festas, namoravam até. Eles eram, a nossos olhos, jovens comuns, com atividades normais de sua idade e também com suas peculiaridades. Mas, aos olhos de Deus, eles eram “especiais”. Estavam ali, no nosso meio, para aprender a conviver e a sobreviver no mundo. Estavam em nosso mundo, mas não pertenciam a ele.

Um dia, de modo muito particular, usando meios diversos para cada um, o Senhor, em Sua Infinita Misericórdia, disse-lhes:

“Caio, vem e segue-Me!”
“Issac, vem e segue-Me!”
“José de Paula, vem e segue-Me!”
“José Fernando, vem e segue-Me!”
“Marcelo, vem e segue-Me”
“Marcus, vem e segue-Me!”
“Mateus, vem e segue-Me!”
“Paulo Rogério, vem e segue-Me!”
“Remilson, vem e segue-Me!”

Sim, o Senhor os conhece pelo nome. Ele conhece o coração de cada um. Ele os chamou um a um, pelo nome, e esperou a resposta. E eles disseram “sim”. E o seguiram. Eram meninos quando entraram no seminário. Meninos que não sabiam exatamente o que os aguardava, mas desejavam ardentemente seguir o Senhor em sua vida sacerdotal. Queriam conformar-se a Cristo Sacerdote. Sonhavam em levar as almas a Deus. Entraram ali com suas histórias e suas esperanças. Enfrentaram provações, lutaram contra si próprios, transformaram-se em homens. Aprenderam a ser homens de Deus.

Uniram-se, de maneira mais íntima, a Nossa Senhora, Mãe que os ouvia em suas dificuldades, que os amparava nos momentos de dúvida, que lhes ensinou o valor da oração e do silêncio. Perseveraram.

Aqueles meninos, aqueles jovens que costumávamos ver em nossas comunidades, pela imposição das mãos de nosso Arcebispo, tornaram-se sacerdotes. Aquelas mãos que costumávamos ver de modo tão natural, agora ungidas, serão impostas sobre nós para nos abençoar, para ministrar os sacramentos. Serão impostas sobre o pão e o vinho para nos trazer a Eucaristia. Eles nos acompanharão e se esforçarão para nos levar pelo caminho da santidade. E nós os acompanharemos em oração, auxiliaremos em suas paróquias e estaremos ao seu lado, para que se santifiquem e nos santifiquem.

Já não os veremos mais como os víamos. Não são mais os mesmos jovens. Trazem consigo a essência daqueles meninos, daqueles jovens. De filhos, sobrinhos, amigos, transformaram-se em pais espirituais. Em agradecimento por nossas orações, por nossa amizade, por nossos sacrifícios, eles nos oferecerão o Banquete diário. Imporão suas mãos sobre nós e perdoarão nossas faltas. Ordenados no Ano da Misericórdia, já não são mais jovens comuns, mas sinal do amor e da misericórdia, da presença de Deus no meio de nós.

Hoje, esposos da Santa Igreja, iniciam a vida sacerdotal. São enviados para ser Cristo em nossas comunidades. Deixam a casa paterna, deixam o seminário e assumem a corresponsabilidade por nossa salvação. Eles seguem, tendo Jesus a sua frente e Nossa Senhora a seu lado.

Que Deus os abençoe e lhes dê a perseverança. Que eles digam seu sim diário à missão a eles reservada. Que nós não nos esqueçamos deles em nossas orações.
Por Andrea Cammarota
Fotos: Adriano Brito e Priscila Maria

http://www.arquidiocesedebrasilia.org.br/noticias.php?cod=4680

quarta-feira, 22 de junho de 2016

A fé e a alegria primordial - "A fé não é criada pelo homem" (Papa Bento XVI)



Não raras vezes, seres humanos pensam erroneamente sobre a fé – a fé que querem inventar como homens, sem perceber que “a fé não é criada pelo homem” (Papa Bento XVI), isto é, que a fé vem de fora, vem de Deus… Então, concebem como se o movimento da fé fosse desejar algo específico, um bem, um acontecimento, algo de material, e obter exatamente isso.

No momento em que pensam assim, confundem a fé com ideias como o “poder da mente”, “leis da atração”, ou similares… Como se a fé fosse uma questão de vontade, de forçar energia voluntária sobre alguma coisa, para atrair essa coisa a partir de alguma força obscura que, então, acreditam poder manipular… Pensam em Deus como sendo um provedor de seus desejos materiais, com quem dialogam apenas quando querem alguma coisa específica…

Mas não é este o nosso Criador: Deus não responde às manipulações do homem, mesmo as que são aparentemente “espirituais”, pois Deus conhece toda a profundidade do espírito. Ignora, este homem que se confunde sobre a fé, que o senso de ser apascentado como ovelha do rebanho divino, de aceitar o Senhor como o Pastor e segui-Lo, é o de entregar-se aos Seus desejos sobre nós, e não aos nossos desejos sobre Ele. Nesse sentido, é deixar-se manipular por Ele, conhecendo então a grande sorte espiritual (a segurança vital) de que Deus não conhece a manipulação maliciosa do mundo humano regido pelo pecado, pela separação e pela distorção: Deus nos manipula apenas de acordo com a Verdade, pois Deus é a Verdade.

Deus nos conduz ao reencontro com a vida verdadeira que se escondia em nós, quando, anteriormente, tomados pela mentira, ainda a manipulávamos. Seguindo o caminho de Deus, reconhecemos que parar de manipular a vida, com mentira e malícia, é entregar a vida à verdade, pois é à Verdade que Deus, o Pastor, conduz suas ovelhas, e a fé é o que liga as ovelhas ao Pastor, que reencaminha os homens a Deus.

Sem a fé, o caminho se obscurece, nos perdemos, nos desviamos, nos separamos da vida, ou seguimos rotas de engano, rotas fadadas ao fracasso, pois são as rotas daqueles que esqueceram – que não sabem mais ver o caminho onde está – o Pastor, o Criador que é a fonte da água da vida, e então se dedicam à manutenção de cisternas quebradas que não seguram nenhuma água, como anunciou o profeta Jeremias.

A verdadeira fé, portanto, é uma disposição integral de espírito, um modo de viver e de doar-se à vida; uma fé que vem de Deus, e que entra caso você queira ser preenchido por ela, e o principal fruto que ela traz e gera é… mais fé.

Ainda mais fé!

É como a vida, que gera mais vida, que se multiplica enquanto Vida.

A fé se multiplica enquanto fé…

E o que ela traz, também, quando se multiplica em nós como fé, é uma indescritível e profunda alegria espiritual, uma alegria que não tem objeto – que não é por ter conseguido essa ou aquela conquista material, mesmo que conquistas materiais possam haver e sejam bem-vindas – mas a alegria por ter encontrado, reconhecido e sentido a Presença da única fonte de todas as genuínas alegrias: Deus, a fonte das águas da vida.

Viver é também se alegrar por estar vivo: este alegrar-se faz parte da própria existência da vida e de seus movimentos intrínsecos, da fonte divina. A alegria por sentir-se vivo, e por sentir-se purificado pela própria vida, este é o sentido da vida. Sentir a vida, em sua presença integral, preenchida do Santo Espírito, dispensa qualquer interrogação intelectual e filosófica sobre o sentido da vida. A vida só não tem mais sentido, esvazia-se dele, e demanda uma investigação sobre isso, quando não pode mais ser sentida em si mesma. Mas quando é sentida como vida viva, não separada de si mesma, nos faz conhecer Deus diretamente, Aquele de quem a Vida é um dom, e somos de novo preenchidos por sua Alegria primordial. Quão alegre Deus deve ter sentido a Si Mesmo quando criou a Vida! Tentem imaginar essa Alegria, a Alegria da Criação!

Quando recebemos a bênção de acessar um pedaço sequer dessa Alegria, que aparece e nos visita quando temos proximidade com Deus, O obedecemos e reconhecemos a nossa criaturalidade; que nos chega com a genuína fé, e a fé então se multiplica em nós como mais fé – como uma nascente aberta, fazendo fluir o dom inesgotável do Deus Vivo – podemos entender as fortíssimas emoções que sentia o Rei Davi, quando dançava, compunha e cantava seus Salmos em adoração ao seu Senhor.

“Ó, Senhor, como são grandes os seus trabalhos, e seus pensamentos são muito profundos” (Salmo 92,5).

Missas de cura e libertação: o que a Igreja diz? Uma pergunta que todo católico precisa saber responder


No Missal Romano, há uma seção intitulada “Missas para diversas necessidades”, a qual pode ser utilizada para diversas finalidades particulares. Existem ainda as Missas especiais de Rogações, as Missas para as Quatro Têmporas e uma Missa “pelos enfermos”. Mas e Missas para “curar e libertar”? Roma jamais promulgou um próprio para uma Missa deste tipo. Por tanto, se não há no Missal Romano um próprio para que se celebre tal culto, não se deve celebrá-lo.

Poderíamos argumentar que “toda Missa cura e liberta”, uma vez que basta o Milagre Eucarístico e a comunhão para sanar todos os males, mas ao que parece este mesmo argumento se vê ultrapassado uma vez que há padres utilizando-se de argumentos espertos que vão desde “estas Missas se celebram de uma forma diferente” até “dinâmicas” que são introduzidas ao gosto do freguês, mesmo sem negar a natureza curativa e libertadora do Sacrifício de Cristo.

Os dois argumentos acima são falhos e criminosos em si mesmos, mas não é deles que trataremos. Definamos então as características básicas de uma Missa de Cura e libertação e analisemos se sua natureza condiz ou não com a Doutrina da Igreja. Nestas Missas são introduzidos:
Orações por cura e libertação;
Cantos emotivos e não litúrgicos;
Homilias artificiais, escandalosas e destoantes da Liturgia da Palavra no dia;
Novos momentos na ação litúrgica;
Exposição do Santíssimo Sacramento no ostensório ainda durante a Missa, e;
Gestos alheios às prescrições do Missal Romano.

Reconhecidas estas introduções, analisemos então.

[...]

Assim, cremos ter justificado conforme o ensinamento da Igreja que: não, Missa de Cura e Libertação NÃO PODE.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

O Papa Francisco ofereceu chaves de leitura para a sua exortação apostólica Amoris Laetitia

O Papa Francisco ofereceu uma profunda reflexão e chaves de leitura para a sua exortação apostólica Amoris Laetitia, recentemente publicada. O Santo Padre aproveitou a abertura do Congresso Eclesial da Diocese de Roma, na Basílica de São João de Latrão, que este ano aborda precisamente tal documento pontifício para recuperar algumas “ideias/tensões –chaves, surgidas durante o caminho sinodal” que podem ajudar a compreender melhor o espírito que se reflete na exortação.

E para fazê-lo utilizou três imagens bíblicas das quais tirou três conclusões: a vida de cada pessoa, a vida de cada família deve ser tratada com muito respeito e cuidado, especialmente quando refletimos sobre essas coisas; ter cuidado para não fazer uma pastoral de guetos e para guetos; dar espaço aos anciãos para que voltem a sonhar.

“Tire as sandálias, pois o chão que está pisando é uma terra santa.” Esta foi a primeira imagem usada pelo Papa em seu discurso. A este respeito destacou que o terreno que tinha que atravessar, os temas a serem enfrentados no Sínodo, “precisavam de uma atitude determinada”. Tínhamos na frente uma – esclareceu – os rostos concretos de muitas famílias. “Este dar rosto aos temas exigia e exige um clima de respeito capaz de ajudar-nos e escutar aquilo que Deus nos está dizendo dentro das nossas situações”, explicou o Papa.

Um respeito “carregado de preocupações e perguntas honestas que olhavam para o cuidado das vidas que somos chamados a pastorear”. O dar rosto aos temas, assegurou o Santo Padre, ajuda a “não ter pressa para obter conclusões bem formuladas, mas muitas vezes sem vida” e ajuda “para não falar em abstracto”. Porque muitas vezes nos tornamos ‘pelagianos’, disse.

Também afirmou que as famílias “não são um problema, mas uma oportunidade que Deus nos coloca à frente”. Oportunidade que “nos desafia a suscitar uma criatividade missionária capaz de abraçar todas as situações concretas” e não só nas nossas paróquias, mas saindo a busca-las. Outro desafio ao que fez referência é o do “não dar nada nem ninguém por perdido, mas buscar, renovar a esperança de saber que Deus continua atuando dentro das nossas famílias”, “não abandonar ninguém porque não está à altura do que lhe foi pedido”. Refletir sobre a vida das nossas famílias – insistiu Francisco – assim como são e assim como estão, nos pede para tirar as sandálias para descobrir a presença de Deus.

A segunda imagem é a do fariseu quando ora dizendo: “Meu Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, ladrões, injustos e adúlteros; nem sequer como esse publicano”. A este respeito, o Pontífice advertiu que uma das tentações às quais estamos expostos continuamente é ter uma “lógica separatista”, especialmente os que vivem em uma situação diferente. O Papa garantiu que não podemos analisar, refletir e rezar sobre a realidade “como se estivéssemos em lados ou caminhos diferentes, como se estivéssemos fora da história”. Todos – sublinhou – necessitamos de conversão.

Também indicou que o acento colocado na misericórdia “nos coloca diante da realidade de forma realista, mas não com um realismo qualquer, mas com o realismo de Deus”. As análises são importantes e necessárias, mas “nada se pode comparar com o realismo evangélico, que não para diante das descrições das situações, das problemáticas – menos ainda diante do pecado – mas vai sempre além e consegue ver detrás de cada rosto, de cada história, de cada situação, uma oportunidade, uma possibilidade”. O Papa garantiu que isso não significa não ser claros na doutrina, mas “evitar cair em julgamentos e atitudes que não assumem a complexidade da vida”.

O realismo evangélico – disse – suja as mãos porque sabe que “grão e ervas daninhas” crescem juntos, e o melhor grão, nesta vida, estará sempre misturado com um pouco de ervas daninhas.

Recordou um capitel medieval em uma Igreja na França no começo do caminho a Santiago, no qual está Judas que se enforca e do outro lado Jesus que o carrega. E voltando à imagem bíblica do fariseu destacou o perigo do Graças te dou porque sou da Ação Católica, da Cáritas, etc. e não como os destes bairros que são delinquentes… “isso não ajuda à pastoral”, disse o Papa.

Finalmente, a terceira imagem evocada pelo Papa é “seus anciãos terão sonhos proféticos” do livro de Joel. Com esta imagem o Santo Padre quis sublinhar a importância que os Padre sinodais deram ao valor do testemunho como lugar em que se pode encontrar o sonho de Deus e a vida dos homens.

Os sonhos dos anciãos vão junto com “as visões dos jovens”. Por isso, o Pontífice disse que é bonito encontrar matrimônios, casais, que sendo maiores continuam se procurando, se olhando, se querendo e se escolhendo. “É muito bonito encontrar ‘avós’ que mostram nos seus rostos enrugados pelo tempo a alegria que nasce do ter feito uma escolha de amor e pelo amor”, sublinhou. E a contradição daquele que casa e pensa: ‘não me preocupo, em dois ou três anos volto à casa da minha mãe”.

Nesta linha advertiu que como sociedade “privamos da sua voz os anciãos, e isso é um pecado social de agora. Privamos eles do seu espaço”. E descartando-os, “descartamos a possibilidade de tomar contato com o segredo que lhes permitiu seguir em frente”. Esta falta de modelos – observou Francisco – não permite às jovens gerações ter visões.

“Nós precisamos dos sonhos dos avós”, disse. E acrescentou que não por acaso quando Jesus é levado ao templo foi recebido por dois avós que contaram o seu sonho. “Este é o momento dos avós… que sonhem e os jovens aprendam a profetizar estes sonhos”.

Em conclusão, o Santo Padre convidou a desenvolver uma pastoral familiar capaz de receber, acompanhar, discernir e integrar. Uma pastoral – disse – quer permita e faça possível o andaime adequado para que a vida confiada a nós encontre o apoio de quem tem necessidade para desenvolver-se segundo o sonho de Deus.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Bento XVI celebrará com o papa Francisco os seus 65 anos de sacerdócio. Será no Vaticano, neste próximo 28 de junho

O papa emérito Bento XVI celebrará no próximo dia 29 de junho os seus 65 anos de ordenação como sacerdote da Igreja católica!

A ocasião extraordinária será marcada, no dia 28 de junho, por uma celebração solene presidida pelo papa Francisco na Sala Clementina do Palácio Apostólico do Vaticano, em presença do festejado.

O papa emérito receberá como presente um livro sobre o sacerdócio produzido especialmente em sua homenagem, conforme divulgado pela Fundação Ratzinger.

Joseph Ratzinger foi ordenado sacerdote na festa de São Pedro e São Paulo do ano de 1951, na catedral de Freising (Frisinga), na Alemanha, juntamente com seu irmão mais velho, o pe. Georg. Eles receberam a ordenação das mãos do cardeal Michael von Faulhaber, o então arcebispo de Munique.

“Éramos mais de quarenta candidatos. Quando nos chamaram, respondemos: ‘Eis-me aqui’”, relata o próprio papa emérito na sua autobiografia.

Após renunciar ao pontificado, Bento XVI respeitou fielmente o próprio retiro em uma vida de oração e dedicação aos aprofundamentos teológicos e filosóficos, aparecendo muito raramente em público. A sua última aparição pública foi durante a abertura do Jubileu da Misericórdia, em 8 de dezembro do ano passado.


http://pt.aleteia.org/2016/06/15/bento-xvi-celebrara-com-o-papa-francisco-os-sus-65-anos-de-sacerdocio/

terça-feira, 7 de junho de 2016

O sacerdote deve dedicar tempo e reflexão para preparar suas homilias

ZENIT conversou com um dos professores de oratória mais conhecidos do Brasil, Reinaldo Polito, Mestre em Ciências da Comunicação, palestrante e escritor

Seria aconselhável um curso de oratória durante a preparação sacerdotal nos seminários? E no exercício do próprio ministério: como lidar com a pregação diária, que é parte essencial do munus sacerdotal?
ZENIT conversou com um dos professores de oratória mais conhecidos no Brasil e também no exterior, Reinaldo Polito, Mestre em Ciências da Comunicação, palestrante e escritor.
Polito ensina oratória na sua própria escola e nos cursos de pós-graduação na ECA-USP. Publicou 27 livros com um milhão e meio de exemplares em todo o mundo. Seu site é www.polito.com.br
Acompanhe essa entrevista abaixo:
***
ZENIT: Você já ensinou oratória para sacerdotes católicos? Qual a diferença de um sacerdote para outros oradores?
Reinaldo Polito
Reinaldo Polito: Sim, é muito comum recebermos em nossa escola sacerdotes católicos que desejam aprimorar a arte de falar em público. O sacerdote inicia suas apresentações com a credibilidade que a igreja lhe confere. Portanto essa confiança que o orador precisa conquistar no início da apresentação, de alguma maneira estará presente já no primeiro contato com o público. Embora os sacerdotes possam se valer dos mais diferentes recursos para atingir seus objetivos, quase sempre sua argumentação se apoia na palavra da Bíblia. Em determinadas circunstâncias usam uma passagem das Escrituras Sagradas para exemplificar seus argumentos, em outros momentos, ao contrário, desenvolvem seus argumentos a partir dos ensinamentos da Bíblia.
Os oradores que não têm atividades religiosas podem ter credibilidade pelas pesquisas e trabalhos que realizaram, pelas obras que escreveram, mas diferentemente dos sacerdotes, em quase todas as situações devem dedicar boa parte de suas apresentações para que sua mensagem seja acreditada.
ZENIT: Na sua opinião como um sacerdote poderia passar a mensagem com eficácia para o homem de hoje?
Reinaldo Polito: Se analisarmos bem, os problemas e as aspirações da humanidade continuam praticamente os mesmos desde os primórdios. Os pecados, os medos, as esperanças são questões perenes. O que muda é o contexto em que elas estão inseridas. Para que o sacerdote transmita de forma eficiente uma mensagem precisa saber como esses problemas afetam a vida das pessoas nos dias de hoje. O sacerdote não pode se mostrar desconectado do seu tempo. Deve sim mostrar que está consciente das aflições, das alegrias, dos desafios presentes na vida de todos que procuram a igreja. Só assim poderá fazer com que sua mensagem atinja o coração e a vontade das pessoas.
ZENIT: Um sacerdote deve enfrentar-se com vários estilos de homilias (missa dominical, casamento, velório, batismo…), cada uma diametralmente diversa da outra. Como ser um pregador de tantos estilos tão diferentes?
Reinaldo Polito: As situações são distintas, mas os aspectos relevantes da comunicação continuam praticamente os mesmos em todas as circunstâncias. A voz bem articulada, a pausa bem produzida, o ritmo envolvente, a expressão corporal elegante e harmoniosa, a concatenação lógica do raciocínio devem estar presentes em cada fala do sacerdote. Com um pouco de observação e habilidade o sacerdote fará as adaptações necessárias a cada momento. Saberá assim que o tom de voz usado em um velório deve ser distinto daquele exigido para celebrar um casamento. Assim como o ritmo da missa dominical deve ser diverso do usado nos batismos.
Se pensarmos bem, não é diferente do que as pessoas fazem no seu dia a dia. Um profissional, por exemplo, deve ter uma comunicação própria da vida corporativa para apresentar um projeto na empresa, diferente da forma como se apresenta para defender um trabalho acadêmico, e mais diferente ainda quando precisa se expressar de maneira solta e intimista no relacionamento com amigos e familiares. Assim como nas atividades do sacerdote, sempre será preciso fazer ajustes e adaptações a cada tipo de apresentação.
ZENIT: Do seu ponto de vista, como deveria ser a formação oratória em um seminário?
Reinaldo Polito: A formação oratória em um seminário deveria ter como objetivo cultivar as características e potencial dos estudantes da Arte de Falar em Público. Se avaliarmos os grandes pregadores da história não encontraremos nenhum semelhante ao outro. Vieira foi tão grandioso quanto Manuel Bernardes. Mesmo sendo contemporâneos e atravessando os séculos seus estilos foram distintos. Enquanto Vieira empolgava com seus voos oratórios, Bernardes se recolhia em suas reflexões e cultivava a simplicidade.
No passado só poderia aspirar ser um pregador aquele que tivesse voz forte . J. I. Roquete na sua obra “Manual de eloquência sagrada”, publicado em 1878 dizia: Quando a natureza não nos deu uma voz, por assim dizer, pregadora, não pode adquirir-se com arte, porque nenhuma arte pode fazer clara e sonora uma voz naturalmente escura.
Hoje, esse conceito pode ser contrariado. Um curso que oriente o pregador a usar de forma correta e eficiente os modernos microfones, independentemente da força da sua voz, poderá desenvolver boa qualidade de comunicação.
Precisa o pregador também aprender a alternar o volume da voz e a velocidade da fala a fim de que o ritmo seja sempre agradável, envolvente e instigante para que os ouvintes se sintam sempre motivados a acompanhar sua mensagem.
A postura e a gesticulação devem ser aspectos relevantes no curso de oratória nos seminários. O sacerdote que se posiciona de forma elegante e gesticula de maneira harmoniosa faz com que sua mensagem chegue com mais facilidade aos ouvintes. A expressão corporal defeituosa é um sério empecilho para o bom desempenho do pregador.
As aulas deveriam também privilegiar o estudo da retórica. Somente aquele que sabe como iniciar, preparar, desenvolver e concluir suas pregações será bem compreendido pelos ouvintes.
Nenhum curso será eficiente se não promover a prática constante dos conceitos teóricos. De preferência que esses exercícios sejam gravados e avaliados. Assim o estudante terá consciência dos pontos positivos da sua comunicação e quais são os aspectos que precisam ser aperfeiçoados.
ZENIT: O Brasil conta com vários sacerdotes midiáticos, músicos e cantores. Nesse mar você consegue vislumbrar algum outro padre Antônio Vieira?
29 minutos
Reinaldo Polito: Se Vieira vivesse hoje, talvez pudesse ser visto também como um pregador midiático. O que mudou foi o espetáculo tecnológico das pregações. Há aqueles que condenam esse tipo de comunicação. Dizem que o sacerdote deve se comunicar com a simplicidade e a pureza de Bernardes. Enquanto outros aplaudem e incentivam a comunicação espetacular. Tanto uma quanto outra, desde que atinjam seus objetivos e levem às pessoas a palavra de Deus, poderão receber o carimbo da eficiência. Assim, sem dúvida, outros Vieiras poderão estar entre nós.
ZENIT: O sacerdote deveria ter o feedback do seu auditório? Que conselho você daria nesse sentido?
Reinaldo Polito: Quando ministro um curso ou profiro uma palestra fico aguardando o melhor de todos os feedbacks que poderia receber – o convite para ministrar um novo curso ou nova palestra. Fico feliz também quando esses que me contrataram indicam meu trabalho para outras pessoas ou empresas.
Assim deve ser com as pregações do sacerdote. Se as pessoas continuarem acorrendo para vê-lo novamente, significa que sua comunicação e sua mensagem cumprem bem sua finalidade. Se, ao contrário, a igreja começar a esvaziar, algum acerto de rumo deve ser realizado.
Conversas informais com os fiéis, sem demonstrar que deseja receber feedbacks, talvez sejam mais produtivas. Nas entrelinhas, nas observações, nos comentários casuais o sacerdote poderá ter uma boa avaliação de como tem sido seu desempenho.
ZENIT: A linguagem muito teológica e acadêmica, a falta de preparação das homilias, a improvisação, o abuso do tempo (às vezes 1 hora), a utilização de outros recursos (oração em línguas, canto, etc, etc…), são alguns elementos que, alguns fieis gostam, mas outros não… qual a sua visão sobre a pregação sacerdotal no Brasil hoje?
Reinaldo Polito: A pregação deve ter a medida exata. Se o sacerdote falar menos do que deveria, deixará de aproveitar a oportunidade para que a mensagem seja comunicada na sua amplitude. Se, por outro lado, falar além do tempo razoável, cansará o público e perderá o interesse das pessoas.
A linguagem deve ser entendida pelos ouvintes. Houve época em que o sacerdote usava linguagem tão rebuscada que somente o juiz de direito, o diretor da escola e algumas poucas autoridades compreendiam o que dizia. Essa maneira de pregar sofreu alterações, foi simplificada para facilitar o entendimento do público. Mesmo assim, alguns continuam insistindo nas pregações mais complexas. O resultado é quase sempre negativo.
O sacerdote deve dedicar tempo e reflexão para preparar suas homilias. É o momento em que ele mostra aos fiéis como os ensinamentos da Sagrada Escritura estão relacionados aos momentos que vivenciam no dia a dia. Aquele que improvisa ou não se prepara se torna repetitivo, cansativo, e até enfadonho. A homilia deve ser atraente pelo tema que desenvolve, pela relação das passagens da Bíblia com a realidade social, pela novidade que apresenta e pela motivação e competência oratória do sacerdote. Se faltar um ou mais desses ingredientes, poderá ocorrer o desinteresse dos fiéis.
A pregação sacerdotal no Brasil hoje tem se adaptado aos tempos modernos. Os sacerdotes procuram falar a linguagem dos nossos dias e envolver as pessoas a partir de orientações para que resolvam seus problemas, se aproximem da igreja e tenham esperança em dias melhores.
Como estão próximos da sua comunidade, devem se preocupar sempre com a maneira como se comportam. E isso não é novo. Citando mais uma vez Vieira, dizia o grande pregador no Sermão da Sexagésima: “Sabem, Padres Pregadores, por que fazem pouco abalo os nossos sermões? Porque não pregamos aos olhos, pregamos só aos ouvidos. Por que convertia o Batista tantos pecadores? Por que assim como suas palavras pregavam aos ouvidos, o seu exemplo pregava aos olhos”.
ZENIT: No seu ponto de vista, qual deveria ser a pregação ideal de um sacerdote em uma missa dominical?
Reinaldo Polito: Falar tudo o que for preciso, no menor tempo possível. Ser sempre uma novidade interessante para os fiéis. Mostrar como a igreja e a palavra da Bíblia estão presentes nas questões do seu dia a dia. Ser uma conversa animada, natural, com envolvimento e disposição. Pelo menos é o que o Papa Francisco tem procurado fazer todas as vezes em que fala em público. Seria um bom exemplo a ser seguido.