segunda-feira, 14 de março de 2011

A INTERNET PARA FORMAR O SACERDOTE

***Dirigindo-se aos educadores na Congregação para a Educação Católica, Bento XVI recorda-se de um importante e, paradoxalmente, perigoso meio de aprendizagem que é a Internet, ainda mais se tratando dos estudo de nossos sacerdotes. Acompanhe o breve trecho que o Papa aborda a questão. Luiz Antônio***
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A internet, pela sua capacidade de superar as distâncias e de colocar as pessoas em contacto recíproco, apresenta grandes possibilidades para a Igreja e a sua missão. Com o necessário discernimento para um uso inteligente e prudente, é um instrumento que pode servir não só para os estudos, mas também para a ação pastoral dos futuros presbíteros nos vários campos eclesiais, como a evangelização, a ação missionária, a catequese, os projetos educativos e a gestão das instituições. Também neste campo é de extrema importância poder contar com formadores adequadamente preparados para que sejam guias fiéis e sempre atualizados, a fim de orientar os candidatos ao sacerdócio no uso correto e positivo dos meios informáticos.
Além disso, iniciastes uma revisão de quanto prescreve a Constituição apostólica Sapientia christiana sobre os estudos eclesiásticos, relativos ao direito canônico, aos Institutos Superiores de Ciências Religiosas e, recentemente, à filosofia. A teologia é um setor sobre o qual se deve refletir particularmente. É importante tornar cada vez mais sólido o vínculo entre a teologia e o estudo da Sagrada Escritura, de modo que esta seja realmente a sua alma e coração (cf. Verbum Domini, 31). Contudo, o teólogo não deve esquecer-se de ser também aquele que fala a Deus. Portanto, é indispensável manter estreitamente unidas a teologia e a oração pessoal e comunitária, especialmente litúrgica. A teologia é scientia fidei e a oração alimenta a fé. Na união com Deus, de qualquer modo, o mistério é saboreado, faz-se próximo, e esta proximidade é luz para a inteligência. Gostaria de realçar também a conexão da teologia com as outras disciplinas, considerando que ela é ensinada nas Universidades católicas e, em muitos casos, nas civis.
O beato John Henry Newman falava de "círculo do saber", circle of knowledge, para indicar que existe uma interdependência entre os vários ramos do saber; mas Deus e só Ele tem relação com a totalidade do real; consequentemente, eliminar Deus significa interromper o círculo do saber. Nesta perspectiva as Universidades católicas, com as suas bem delineadas identidade e abertura à "totalidade" do ser humano, podem desenvolver uma obra preciosa para promover a unidade do saber, orientando estudantes e professores para a Luz do mundo, a "luz verdadeira que a todo o homem ilumina" (Jo 1, 9). São considerações válidas também para as escolas católicas. Antes de tudo, é preciso ter coragem para anunciar o valor "amplo" da educação, para formar pessoas sólidas, capazes de colaborar com os outros e dar sentido à própria vida. Hoje fala-se de educação intercultural, objecto de estudo inclusive na vossa Plenária. Neste âmbito, requer-se uma fidelidade corajosa e inovativa, que saiba conjugar consciência clara da própria identidade e abertura à alteridade, pelas exigências do viver juntos nas sociedades multiculturais.
Bento XVI
Fonte: www.vatican.va

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